quarta-feira, 8 de março de 2017

ALMAS GÊMEAS (LIVRO)

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 ALMAS GÊMEAS
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Não sabemos como ou quando os espíritos foram criados. A ideia mais aproximada é que os espíritos são partículas divinas, partes de Deus individualizadas, isto é, com características próprias e livre arbítrio relativo à trajetória terrena. Sabemos, também, que na caminhada planetária, os espíritos seguem uma Lei Universal que os caracteriza como homens ou mulheres. Mas não sabemos quando isso começou. Supõe-se que, em eras remotas, neste planeta não existia senão um só tipo de ser humano, que reuniria em si as características de ambos os sexos – os andróginos. Mais tarde, segundo a mitologia grega (a humanização dos deuses do Olimpo) e hebraica (Adão, que era “um”, adormece e Deus tira uma parte dele – uma costela – e cria Eva), teria ocorrido a separação em duas partes complementares, em obediência à Lei da Terra, onde tudo é duplo, bipolar, positivo e negativo, branco e preto, e teríamos, assim, UM espírito dividido em DOIS, formando o espírito de um Homem e o de uma Mulher, cada um deles com seu livre arbítrio, às vezes seguindo caminhos diferentes, mas guardando a afinidade, a ligação de sua origem. 
Ambos percorreriam, através dos milênios, a descida involutiva e a subida evolutiva. Nem sempre estariam juntos ou se encontrariam, ligando-se, muitas vezes, através das várias encarnações, a outros espíritos; formariam carmas, amariam outros e, nos encontros eventuais, poderiam estar em posições evolutivas ou planos diferentes. Esse Homem e essa Mulher, originários de um mesmo espírito, é o que denominamos ALMAS GÊMEAS! Através de suas faixas cármicas, na longa jornada evolutiva, em qualquer situação em que não estiverem juntos, haverá sempre uma imensa saudade que se reflete em cada um dos dois, tornando suas existências incompletas. Podem amar, ter tudo no plano material, mas fica uma sensação de insatisfação, de não estar completa a felicidade, que só se realiza quando as duas almas gêmeas se reencontram. E esse reencontro também só se realiza quando ambas estão livres de seus compromissos cármicos, como veremos mais adiante, na história que Tia Neiva nos contou. Não temos como penetrar a Mente Divina e perscrutar os misteriosos desígnios do Criador, mas o mecanismo das almas gêmeas é poderoso incentivo ao retorno às origens, ao seio do que é completo, a garantia de que, um dia, os espíritos voltarão à Divindade. E é muito linda a jornada das almas gêmeas. Como progridem em missões separadas, na maioria dos casos uma se dedica ao auxílio da outra. Vivem no amor completo e incondicional. Quantas chegam ao último degrau de sua evolução na Terra mas, como sua outra metade ainda está a caminho, pedem a graça de poder voltar e ajudar sua alma gêmea. E é um grande sacrifício este, pois este planeta é excessivamente pesado em suas faixas vibratórias e um espírito sofre muito em uma reencarnação dessas. Mas parte feliz, com esperança, com dedicação, porque é uma missão de amor. Para se ter um exemplo do encontro das almas gêmeas e de seus compromissos, vamos ver a história de um velho Jaguar e Rosa Maria, que a Tia nos contou em uma aula dominical, no dia 31 de janeiro de 1982.

TRINO TUMUCHY


O JAGUAR E ROSA  MARIA
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Meus filhos, Salve Deus!
Através de suas faixas cármicas na longa jornada evolutiva, em qualquer situação em que não estiverem juntos, haverá sempre uma imensa saudade que se reflete em cada um dos dois, tornando suas existências incompletas. Podem amar e ter tudo no plano material, mas fica uma sensação de insatisfação, de não estar completa a felicidade que só se realiza quando as duas almas gêmeas se reencontram. E esse reencontro também só se realiza quando ambas estão livres de seus compromissos cármicos, como veremos mais adiante na história que Tia Neiva nos contou.
Não temos como penetrar na Mente Divina e perscrutar os misteriosos desígnios do Criador, mas, o mecanismo das Almas Gêmeas é poderoso incentivo ao retorno às origens, ao seio do que é completo a de que um dia os espíritos voltarão à divindade. E é muito linda a jornada das almas gêmeas. Como progridem em missões separadas, na maioria dos casos uma se dedica ao auxílio da outra. Vivem no amor completo e incondicional. Quantas chegam ao último degrau de sua evolução na Terra, mas, como sua outra metade ainda esta a caminho, pedem a graça de poder voltar e ajudar sua alma gêmea. E é um grande sacrifício este, pois este planeta é excessivamente pesado em suas faixas vibratórias e um espírito sofre muito em uma encarnação dessas. Mas parte feliz, com esperança, com dedicação, porque é uma missão de amor. Para se ter um exemplo do encontro das almas gêmeas de seus compromissos, vamos ver a história de um velho Jaguar e Rosa Maria, que Tia Neiva nos contou em uma aula dominical.
Certa vez fui abordada por um espírito calmo, tranqüilo, muito bacana mesmo, desses que você pode ler em sua mente, ver em seu rosto toda a dignidade, as coisas boas que porta o Homem sem frustração, honesto, sem essa maneira de querer enganar alguém. Tive a certeza de que era um daqueles espíritos que, conforme a época em que estou passando, Amanto, Humarran ou mesmo Pai Seta Branca me envia para transmitir uma história, uma mensagem. Aquele espírito foi chegando e começou a falar tranquilamente sobre sua vida:
- Tia Neiva! Eu sou aquele do sonho... Aquele sonho...
Lembrei-me de que já o encontrara antes e me contara muita coisa. Perguntei:
- Graças a Deus! Tem mais alguma coisa boa para dar continuidade?
- Sim, Tia, tenho. Tenho o princípio da história da minha vida, que vou lhe contar. Eu era um homem perverso, um verdadeiro tirano. Sou um Jaguar! Vivi nas planícies e estive por todas as partes da Terra! Só aprendi tirania, violência... Não conhecia o amor. Um dia, reencarnei no Brasil Império, como senhor de engenho.

Sorri, lembrando-me de vocês, meus filhos. Esses seus rostos, cada um revelando um Jaguar, senhor de escravos, senhor de engenho..
- Fui senhor de escravos continuou mas era muito direito em meus negócios e procurava aplicar a Justiça a meu modo. Fui muito querido pelo Imperador, chegando mesmo a merecer a plena confiança dele. Constantemente estava no palácio – e, então, citou diversos nomes de políticos, senadores, homens importantes daquela época com os quais tinha estreitos laços de amizade – Eu era um homem tão temido que, quando chegava em minha fazenda, Tia, uma das melhores da região, com uma bela mansão, os escravos ficavam temerosos de mim. Faziam tudo com medo de mim, da punição que era certa se não agissem conforme minha vontade. Minha família era a mais bonita que havia. Minha esposa era linda e meus dois filhos, um casal, eram verdadeiros príncipes. Enfim, Tia, parecia que eu não tinha mais nada para desejar na vida! Bastava que eu falasse uma coisa e todos corriam para me atender. Eu fui esse homem, Tia Neiva!... Tinha tudo mas a verdade é que não sentia amor por nada!
- Esse é o grande mal comentei Quando não temos amor no coração, filho, a vida se torna seca, difícil...
- É, Tia, eu era honesto com minha família, com minha mulher, com meus negócios. Mas sentia, no íntimo, que alguma coisa me faltava. Um dia... ele parou de falar e em seu olhar havia um brilho diferente quando continuou, com meiguiceTia, a senhora vive falando sobre as almas gêmeas. Pois, um dia esbarrei com minha alma gêmea. Interessante, Tia, que eu nunca notara a presença daquela escrava. Era uma jovem bem clara e, naquele dia, quando eu me dirigia ao portão da casa, ela vinha com uma cesta de verduras e não me viu. Deu um encontrão em mim e as verduras se espalharam pelo chão. Ela ficou em pânico. Abaixou-se para catar as verduras, chorando e me implorando que não a castigasse. Queria até mesmo beijar meus pés, na sua aflição e humildade. Fiquei reparando nela e alguma coisa despertou em meu íntimo. Senti que ela era diferente, senti meu coração se encher de alegria com a presença dela. Então, peguei sua mão e a ergui, eu mesmo me abaixando e catando as verduras para recolocá-las na cesta. Ela, paralisada pelo medo, me olhava com lindos olhos marejados de lágrimas, balbuciava desculpas e pedia que eu não a castigasse. Acabei de encher a cesta e me levantei, encarando aquela linda moça. Trocamos um longo olhar e acho que consegui transmitir a ela o que eu sentia de tal forma que ela pareceu se tranquilizar, acabando por dar um tímido sorriso. Eu é que me desculpei por minha falta de atenção e fiquei parado, vendo aquela figurinha tão querida sumir entre as plantas do jardim, levando sua cesta...

Desse momento em diante, meus filhos, aquele Jaguar se transformou. Aquele encontro com sua alma gêmea de que ambos não tinham consciência por estarem encarnados – despertou no coração dele o amor. E o amor transforma as pessoas. Enquanto caminhava para casa, ia pensando no que havia ocorrido. Sentiu profundo desprezo pela fama que tinha ao lembrar a aflição de sua querida, o medo de ser castigada por algo tão banal. Aquela maneira humilde de pedir desculpas... Aquele olhar... Sim! Decidiu que, dali para frente, não mais seria aquele tirano! Em casa, à noite, não conseguia dormir. Os dias se seguiram e ele ficou isolado, sem falar com ninguém, mal comendo, com o pensamento naquela escrava adorada, cuja presença ele não havia percebido até aquele dia. Não entendia o que estava acontecendo. Como podia não ter notado aquela meiga presença? Ansiava por revê-la e, ao mesmo tempo, temia como pudesse reagir a um novo encontro. Seu comportamento preocupava a todos. Sua mulher achava mesmo que ele estava enfeitiçado, tal era a mudança que se operara nele. E, um dia, receberam a visita do Imperador!
A azáfama da recepção quebrou a rotina da fazenda, e até o Jaguar saiu um pouco de seus pensamentos para receber o ilustre amigo. E, na hora de servir o chá, quem se apresentou com a bandeja foi a bela escrava. Quando ela se deparou com o Jaguar, começou a tremer, tomada pela emoção, e desequilibrou a bandeja, que caiu, despejando tudo sobre a mesa. A sinhazinha que havia, com sua percepção, sentido a reação dos dois ao se olharem, ficou furiosa e chamou o feitor, para que retirasse imediatamente aquela escrava dali e lhe aplicasse terrível castigo. O Imperador, que era muito galante e percebera a escrava encantadora, pediu que nada fizessem com ela. Era um acidente, e pronto, já tinha passado, e não devia a moça ser castigada. Também o velho Jaguar interferiu, dizendo ao feitor que não era preciso levá-la. Essa reação mais raiva provocou na sinhazinha, tomada pelo ciúme, já deduzindo que aquela bela jovem tinha algo a ver com a modificação que se passara com o marido. Ordenou ao feitor que a levasse. Logo que o feitor saiu com ela, empurrando-a com brutalidade, o Jaguar foi atrás e mandou que ele a soltasse e que ela fosse para junto das outras escravas, na senzala.
Era a época dos Nagôs, que trabalhavam muito com espíritos e faziam trabalhos que os outros diziam que eram feitiços. Por isso, a sinhazinha achou que, finalmente, descobrira a causa de tão brusca alteração no comportamento do marido: ele fora enfeitiçado por aquela escrava! Começou a perseguir a moça, e o Jaguar percebendo tudo, procurou solucionar a questão. Arrumou um amigo de confiança e pediu que ele fizesse uma compra forjada daquela escrava, para que ela pudesse escapar da sinhazinha.
E assim foi feito. Comprada a escrava, parecia que tudo voltaria ao normal na fazenda. O próprio Jaguar insistira para que ela fosse vendida, dizendo que já não aguentava ver à sua frente aquela mulher que tanta vergonha os haviam feito passar diante do Imperador. Mas o que não sabiam é que o senhor da fazenda arranjara um sítio solitário e escondido, onde a bela escrava foi se ocultar. E, uma vez ali instalada, longe das garras da sinhazinha, aquelas duas almas gêmeas puderam construir um pequeno mundo. Passaram a se encontrar e, sempre que possível, o sinhorzinho corria a ver a sua amada.
O amor das almas gêmeas é uma coisa sublime, muito lindo, pois nunca pode se erguer sobre a ruína dos outros. Para a plena realização, torna-se necessário que ambos estejam livres de outros compromissos. Mas o sinhorzinho tinha a família e, então, era preciso que acontecesse um verdadeiro milagre como eles mesmos diziam para que ele pudesse se libertar. A esposa, os filhos ainda pequenos, representavam uma verdadeira barreira para a plena vida aquele amor.
O tempo passou. Os filhos do sinhorzinho, já mais crescidos, foram estudar em Portugal. E naquele mundo de encantamento das duas almas gêmeas teve início o último reajuste pelo qual deveriam passar para se libertarem totalmente. Lembrem-se, meus filhos, de que só retornamos às origens quando nada mais nos resta a resgatar. Vejam o exemplo de Doragana, que viu aquele cobrador a urrar de ódio, e submeteu-se a um julgamento para libertá-lo daquele ódio, a fim de que pudesse, tranquilamente, voltar à origem. Havia uma conta do passado e, para resgatar essa dívida, a escrava Rosa Maria concebeu um filho, que seria aquele espírito reencarnado para se reajustar com ambos. Mas o fato de ficar grávida envergonhou tanto Rosa Maria perante o Jaguar que ela perdeu o encanto pela vida. Achava que aquilo era uma falta de respeito para com seu amado, gerando uma responsabilidade que ele não tinha condições de assumir. É que, encarnados, eles não se lembravam dos compromissos assumidos no espaço. Aquilo tudo havia sido tramado com eles no espaço, sob os desígnios da Lei de Deus, que lhes fornecia aquela oportunidade de resgatarem sua última dívida. Porque as almas gêmeas só se realizam quando nada mais devem, quando não têm mais qualquer obsessor e quando já atravessaram suas faixas cármicas positivas e negativas, podendo, assim, retornar juntas às origens. Porque é muito bonito, meus filhos, ver o trabalho das almas gêmeas! Uma ajudando a outra a evoluir, a se libertar... Quantas já não precisavam retornar à Terra mas, como estão mais evoluídas que a sua alma gêmea, reencarnam e sofrem para ajudar aquela a subir o degrau. Sempre com dedicação, com amor, uma beleza!
Mas, sem consciência de suas tramas no espaço, Rosa Maria sofreu coma situação, até dar à luz uma bela criança – um menino clarinho, louro, com lindos olhos azuis. O nascimento do menino modificou a sintonia do casal. Rosa Maria passou a viver mais feliz e ambos se dedicavam com grande amor àquela criança. Aquele amor ia resgatando a dívida com aquele espírito. O menino crescia e o sinhozinho estava totalmente modificado. Pela realização do seu amor, pela sintonia com Rosa Maria, pelo tesouro que o menino representava em suas vidas, ele se transformara em um homem bondoso, amável. Tão bom que todos que o conheceram antes se admiravam. Havia mandado embora de sua fazenda o malvado feitor, aquele homem feroz que castigava e surrava os escravos, e tudo era administrado com amor.
Isso é que eu gosto de mostrar a vocês, meus filhos. O amor é uma força poderosa, bendita, que não deixa que se possa fazer mal aos outros, ferir alguém. Quando se ama, mas se ama realmente, a gente ama todo o mundo. É, filhos, o mundo inteiro a gente ama! Não sei quantos de vocês já puderam sentir isso, ter a oportunidade de viver um amor assim, um amor de respeito, um amor que a gente respeita, que a gente sente realmente estar muito acima dessas baixesas do espírito. Duas pessoas que sentem um amor verdadeiro, sabem se entender à distância, se falam no silêncio, se harmonizam a cada momento de suas vidas. Este é o amor das almas gêmeas! Muitos me falam que encontraram sua alma gêmea. Eu concordo, pois não quero causar tristeza. Mas o amor das almas gêmeas transforma as pessoas. Elas ficam boas, não pensam em fazer mal à sua família, não pensam em fazer mal aos outros, não desrespeitam a família. A primeira coisa que fazem é passar a amar também os outros, principalmente os filhos, mesmo que sejam frutos de ligações com outras pessoas. Acho lindo o amor das almas gêmeas no espaço. Têm a mesma paixão, a mesma vida como temos aqui. Muitas tiveram filhos na Terra e os buscam para, reunidos, viverem juntos em suas mansões do espaço. São tão felizes e se realizam tanto com seu amor que buscam levar a felicidade aos outros. Com essa intenção, protegidos pela vibração desse amor tão puro, penetram naqueles pântanos sombrios, arrebatando das trevas muitos espíritos que por ali se debatem.
Vejam o exemplo deste velho Jaguar. Era um tirano – e ele me mostrou muitas das barbaridades que havia cometido – e temido por todos. Um dia, um simples olhar modificou tudo. Pelo esclarecimento dos dois, tudo se transformou e ele se tornou tão bom que até mesmo no palácio do Imperador se comentava o milagre de sua modificação. A felicidade do encontro das almas gêmeas aqui na Terra reside no fato de não terem compromissos com outras pessoas. Elas se encontram, se amam verdadeiramente, mas não podem desfazer os laços cármicos, seus laços transcendentais. Apenas porque se encontram, porque se amam, não podem abandonar seus lares. E isso é o que havia acontecido com aqueles dois: tinham vindo apenas para resgatar aquela dívida, libertar aquele espírito que estava encarnado como o filho dos dois.
Mas a Lei de Causa e Efeito sempre está em vigor. E um preto velho, chamado Gregório, que muito havia sofrido naquela fazenda, a mando do sinhozinho, soube da existência daquela criança e descobriu toda a situação. Impulsionado pelo desejo de vingança, correu a contar tudo para a sinhazinha. Não poupou detalhes malvados e aumentou muito as coisas para fazer sofrer, o mais que pudesse, aqueles que o tinham castigado um dia.
Atenção, meus filhos! Temos visto muitos “gregorinhos” e “gregorinhas” por aí, sempre contando novidades na maior parte mentiras –, espalhando o ódio e a desconfiança entre esposa e marido, desfazendo lares, gerando desequilíbrios. Isso é muito perigoso. Quantos, ao chegarem no dia de prestar contas, vão verificar que, com suas línguas, cortaram o carma de outras pessoas, e não poderão por a culpa em ninguém, senão em si próprios, no seu coração ainda em evolução...
A sinhazinha, enlouquecida pelo ódio e pelo ciúme por tudo que ouvira de Gregório, tramou em segredo a destruição de Rosa Maria e do menino. Aproveitando-se do ódio que o malvado feitor nutria por ter sido despedido pelo sinhozinho, conseguiu induzi-lo a realizar seu plano. Um dia, quando o sinhozinho teve que ir ao palácio ver o Imperador, o feitor raptou Rosa Maria e o filho, levou-os para um local ermo e ali os executou, ocultando os corpos. Ninguém vira essa ação criminosa, de modo que, quando o sinhozinho voltou e foi correndo ao seu ninho de amor, não encontrou sua amada nem o filho, nem qualquer orientação sobre o destino daqueles dois seres tão queridos. Também, pelas redondezas, ninguém sabia informar o que teria acontecido. Desesperado, continuou buscando-os por muito tempo, sem descobrir o que houvera. Mesmo mergulhado na dor e na aflição, a bondade daquele Jaguar superou suas forças. Continuou a ser bom e caridoso e, testado por Deus, que quis saber até onde ia sua paciência, superou todo o seu desespero e completou sua missão na Terra com aquela força bendita que o amor lhe dera.
Sua jornada ainda continuou por muitos anos. Na solidão, chorava a ausência de sua amada. Muitas noites, quando mergulhava em seus pensamentos, vinha-lhe a certeza de que sua esposa tinha muito o que ver com aquele desaparecimento misterioso. Também não sentia ódio ou desejo de vingança. Lembrava-se de que Rosa Maria sempre lhe dizia que chegaria um dia em que morreriam e poderiam ficar juntos para sempre, no Céu. Mas, se ele fizesse alguma maldade, não seria possível o encontro, pois Deus não permitia que gente ruim entrasse no Céu! Ele lembrava dos olhos de Rosa Maria quando falava essas coisas. Ficavam brilhando como duas estrelas, como se tivesse certeza do que falava, como se o amor deles só pudesse atingir toda a plenitude depois que tivessem deixado esta vida. E porque a amava, tinha confiança nela, achava que o único meio de tornar a encontrá-la seria manter-se acima do mal. Mas a dor da ausência de Rosa Maria tornara-o triste e a vida era quase que mecânica. Seu coração sangrava de saudade! Tornou-se espiritualista. Continuou a acompanhar sua esposa, sem demonstrar desconfiança, mas a vida já não tinha mais prazer. Só existia, para ele, a lembrança daquele amor. Muitas coisas enfrentou até o dia de sua morte. Contou diversas passagens e me admirei com a fibra daquele Jaguar. Era uma época terrível aquela. Muitos espíritos haviam encarnado na Terra, na missão de evangelizar. Alguns mesmo vinham preparados para domar, como se fossem animais, aqueles espíritos de imperadores, centuriões, vestindo roupagens de pretos velhos escravos. Aquele Jaguar havia sido diferente. Morreu purificado pelo amor, por suas boas ações, e sua câmara mortuária foi perfumada pelos pretos velhos a quem vivia pedindo perdão pelos males causados outrora. Pouco antes de morrer, soube de toda a trama da esposa, o triste fim que tinham tido seus amados. Mandou chamar Gregório e fez com que ele visse o punhal que atravessara em seu coração. Mesmo assim, perdoou-lhe e ainda arranjou meios de ajudar ao preto velho que tanto mal lhe causara. Há muitas passagens lindas nessa história. Houve até o caso de uma aparição de Jesus ao sofrido Jaguar. Um dia contarei.

Quando desencarnou, Rosa Maria veio recebê-lo. É muito grande a felicidade do reencontro de duas almas gêmeas, preparado pelos Mentores. Pensavam que havia chegado o momento de seguirem a linda caminhada para a origem. Mas, ainda não era a hora! Havia permanecido aquele espírito cobrador o filho deles que o ciúme da sinhazinha não deixara realizar a missão do reajuste. Era preciso reparar o destino daquela criança que, por culpa deles, havia nascido em tão tristes circunstâncias. Era responsabilidade do Jaguar, que devia ter tomado as providências para evitar aquela gestação, que o respeito impunha, pois não haveria condições para criar um filho. Com isso, ele criara uma responsabilidade a mais e teria que voltar à Terra para cumprir sua última missão. Após o feliz encontro, Rosa Maria ficou triste, sabendo que ainda teriam que esperar a conclusão dessa missão para poderem ir para a origem. Preocupava-se com seu amado, incerta sobre as condições dele para enfrentar mais essa prova. Ele fora um tirano, mas o amor mudara completamente seu espírito, por saber amar. Mas fora a presença de Rosa Maria que o havia despertado para o amor. Agora, que ela não viria para a Terra, como agiria ele?
Tudo foi preparado no espaço e, quando chegou o momento, o Jaguar despediu-se de Rosa Maria e, triste pela separação, se encaminhou para o sono cultural. Quando o espírito vai reencarnar, meus filhos, é uma tristeza maior do que a morte aqui na Terra. Ele vai partir para uma missão da qual tem consciência, sabe da responsabilidade e, corajosamente, se entrega ao sono cultural, que vai apagar de sua consciência toda a memória transcendental, preparando-o para ser colocado no feto e nascer na Terra. E o velho Jaguar, o velho senhor de escravos, parte em busca de seu filho, o lindo menino louro, de olhos azuis!...
Mas Deus não diz para você que será tudo bonitinho e nem os Mentores resolvem que será tudo fácil. Não! Ele, por exemplo, iria voltar à Terra e desposar uma mulher que seria aquele mesmo espírito da sinhazinha mau a ponto de mandar matar uma criança – e, em meio a muitas provações e dificuldades, deveria salvar seu filho, espírito que até aquele instante não perdoara a ele e nem a Rosa Maria. Na Terra, o início foi relativamente fácil. Casou-se com aquela que havia sido a sinhazinha e teve alguns filhos. Mas, esquecido dos planos do espaço pelo efeito do sono cultural, não entendia o vazio que sentia. Faltava alguma coisa, que não identificava, para sua vida fazê-lo feliz e realizado. Perguntava a si mesmo porque aquela paixão pelas pessoas, pelas coisas, aquela insatisfação permanente. E o desespero começava a tomar conta de seus pensamentos nas horas em que estava sozinho. Foi quando nasceu um novo filho um menino debilitado, com um aleijão na perna e que, mais tarde, quando começou a falar, tinha dificuldade de se expressar um pouco mais moreno do que os demais irmãos, que ele sentiu algo estranho. Quando pegava o menino no colo, sentia um arrepio, uma sensação que não identificava, mas sabia ser de repulsão àquela criança. A mãe do menino também demonstrava total intolerância e até mesmo desprezo pelo pequenino. Vendo essa reação de ambos, o Jaguar superou tudo e passou a amar mais àquele filho do que aos demais. Também a criança ficou num grande agarramento com o pai.
Em seus sonhos, o Jaguar se encontrava com uma moça muito linda Rosa Maria que lhe falava da força do amor e pedia que ele sempre tivesse esperança em seu coração. Sempre protegendo a criança do ódio da mãe e do desprezo dos irmãos, o Jaguar prosseguiu sua missão. Ficou seriamente doente, mas o filho mais novo não se separava dele. Ficava ali, atento ao que fosse preciso, dando-lhe água, remédios, preso pelos laços de uma profunda afeição. Uma noite, profundamente enfraquecido – estado em que se fica mais próximo da espiritualidadefoi levado por aquela mulher de seus sonhos até a casa onde havia uma criança. Esta estava muito mal, já para morrer. Os pais, ali perto, choravam a morte do filho, já não tendo nada mais a fazer. A criança, com os olhos fechados, parecia estar sofrendo muito. O espírito do Jaguar ficou preso àquele quadro e se aproximou da criança que, abrindo os olhos, percebeu a imagem do Jaguar e exclamou: “Papai!”. Os pais se alvoroçaram, e o pai abraçou a criança, certo de sua melhora, pois ouvira o chamado. Mas o espírito do Jaguar percebeu, emocionado, quem era a criança quando vira aqueles olhinhos azuis e sabia a quem ela chamara de pai. Sim, aquele era o seu filho, a quem buscava para resgatar suas dívidas do passado. Mas teve que retornar ao corpo e sua memória apagou-se quase totalmente. Ficou uma lembrança do menino mas, em sua fraqueza, não sabia separar bem os fatos. Seu estado piorou e começou a delirar, falando de um menino louro, de olhos azuis, que era seu filho que ele tinha que encontrar. Suas palavras não eram entendidas nem pela mulher nem pelos filhos, que achavam ser tudo fruto de sua delicada situação de saúde.
Finalmente, o mal começou a ser debelado e ele teve a fase de recuperação povoada pela lembrança daquela criança. Irritado por não ser entendido pelos outros, criara em sua cabeça a necessidade urgente de encontrar aquele menino que sabia existir em algum lugar. Já recuperado, começou a andar pela cidade. Assim, fazia um exercício e atendia à sua ânsia de descobrir a criança.
Andava, certa vez, pela beira do cais, quando o choro de uma criança chegou até ele. Curioso, se aproximou de uma pobre casa, de onde parecia vir aquele choro convulso. Um vizinho estava por ali e ele lhe perguntou o que fazia aquela criança chorar tanto.
- É uma triste história! – disse o vizinho O pai desse menino trabalhava naquele navio ali e saiu com a esposa para dar um passeio de barco. O barco virou e os dois morreram. Restou o filho que está aí com esses parentes, mas desde então chora como se nada o pudesse calar...
Bateu à porta do casebre e uma pobre mulher o atendeu. Pediu para conhecer o pequeno órfão e entrou. Pode ver, então, aquele menino por quem tanto buscava, por quem seu coração ansiava loucamente, chorando. Aquela linda criança loura, com os olhos azuis!... Emocionado, pediu àquela gente que o deixasse levar o menino, para cuidar dele. Foi atendido prontamente, pois os parentes estavam loucos para se verem livres daquele choro angustiante e seria menos uma boca para alimentar.
Chegou feliz à sua casa. No trajeto para lá, a criança se calara e aconchegara-se a ele como se estivesse acostumada com o seu colo. Sentindo-o em seus braços, o velho Jaguar sentia que amava muito aquele pequeno ser. Um amor muito maior do que o que nutria por qualquer de seus filhos. Até pelo mais novo.
Começou uma nova fase de complicações. Os laços de amizade, tão profundos, entre o Jaguar e aquela criança abandonada, haviam despertado a inveja e o ciúme da família. A hostilidade da esposa – que na outra encarnação mandara executar o menino – era para com os dois. O tempo foi passando e cada vez mais estreita era a amizade entre o Jaguar e o menino. Mas o grau de maldade da esposa era tanto, um espírito que não se abria para o amor e, assim, não evoluía, que esperava uma oportunidade para se vingar daquela criança. E quando o esposo precisou ausentar-se um pouco mais demoradamente de casa, pegou o menino e o colocou para fora de casa. A pobre criança, já com sete anos, não pode fazer nada senão afastar-se, triste, daquela casa onde estava alguém que lhe era muito caro. Retornando e não encontrando o menino, o Jaguar forçou a esposa a dizer o que havia feito. Ela confessou que havia mandado embora aquele estranho e não permitiria que voltasse. Ele saiu em busca do menino e teve um palpite que poderia encontrá-lo onde o fora buscar na beira do cais. Correu para lá e viu o garoto sentado, olhando o mar, com o queixo apoiado na mão, como se aguardasse alguém. Alegre pelo encontro, chamou o menino. Este assustou-se com o chamado e se levantou rápido de onde estava, virando-se para ver seu querido benfeitor. Mas, agitando os braços, perdeu o equilíbrio e caiu do cais, naquele local cheio de pedras, madeirame e ferros batidos pelas ondas do mar.

Resultado de imagem para almas gemeas Desesperado, o velho Jaguar correu e pulou na água. Diversas pessoas que estavam por ali tentaram ajudar, mas o destino havia marcado aquele desenlace: morreram ali, pai e filho, tragados pelo mar.
Esse é o destino do Homem, meus filhos! Muitas vezes temos uma tristeza muito grande, sem saber porquê. Muitas vezes o Homem se casa e tem por obrigação honrar aquele casamento, os filhos que dele nascem, mas, em seu íntimo, não está feliz. Porém, existe uma responsabilidade maior: o destino cármico. Ninguém pode ser feliz, feliz mesmo, se não terminar sua missão, se não libertar seus cobradores.
Imaginem que aquele filho mais novo, moreno, do casal, era o espírito do preto velho Gregório que, apesar de seus defeitos físicos, amou muito aquele a quem tanto mal fizera e por ele foi amado. Foi aquela mulher, que tanta maldade fizera, que o recebeu no ventre e, pela bênção de Deus, o criou com cuidados, mas sem amor. Mas Gregório conseguiu resgatar suas faltas pelo amor daquele a quem tanto fizera sofrer.
E, no desenlace da história, quando o homem e o menino desencarnaram no mar, seus espíritos se reencontraram com Rosa Maria e, juntos, felizes, foram para sua origem. E a sinhazinha, que voltara agora como uma simples dona de casa, não evoluiu, não aproveitou a chance que lhe foi dada, e nada fez de bom. Então, seu sofrimento será grande. Deverá voltar várias vezes para subir seus degraus na evolução. Mesmo assim, ela foi objeto da ajuda dos espíritos do Jaguar e de Rosa Maria, que entenderam que tudo que ela havia cometido servira como degrau para a libertação deles, através da evolução. Na realidade, fora a sinhazinha que preparara a subida dessas almas gêmeas.
Por isso, jamais devemos nos queixar de Deus! Ele nos dá tudo, nos proporciona os meios para nossa libertação. O conhecimento, a consciência, é que nos impulsionam no caminho certo. Ele nos dá força antes de chegarmos aqui, e chegamos preparados para cumprir nossa missão. É errado só se desejar coisas boas e reclamá-las de Deus. Pelo sofrimento conseguimos nossa libertação, nossa evolução. Nem Deus nem nossos Mentores nos seguram para que possamos subir os degraus da nossa jornada. Temos que caminhar por nós mesmos, com nossas próprias pernas. Deus nos dá tudo!...
Salve Deus!

TIA NEIVA


Ligações Afetivas 
 Almas Gêmeas

Em algum momento de nossa jornada doutrinária, sempre perguntamos por nossa alma gêmea. Seja porque encontramos um grande amor e o temor de haver uma separação nos levar a querer que possamos continuar unidos eternamente; seja porque ainda buscamos o par ideal para nos acompanhar em nossa missão e formar uma família harmoniosa.
Lemos a história das Almas Gêmeas, relatada por Tia Neiva, ouvimos mitos e normalmente fantasiamos muito além de qualquer possibilidade real de realização. Isso é até natural, pois todo ser humano sente a necessidade de estar ligado a alguém que ame e lhe proporcione a felicidade.
Porém também é necessário desmistificar este tema. Trazer os sonhos à realidade e colocar os pés no chão, para não desequilibrarmos o emocional, prato de grande peso em nossa balança do equilíbrio da vida (emocional, material, espiritual).
São belíssimos os romances que lemos, mas invariavelmente nossa realidade é distante.
Pouquíssimos casos de Almas Gêmeas foram confirmados pela Clarividente, e mesmo estes, estavam repletos de cobranças mútuas.

“Quando te apegares à alguém, não te iludas e não iludas a ninguém, sentindo-se imortal para anular a personalidade, pensando ter ou ser um amigo eterno. Lembre-se da escada fatal da evolução: o teu amigo ou um grande amor poderá se evoluir primeiro. Quando Deus te colocar diante de um grande amigo ou de grande amor, procura sempre acompanhá-lo para não o perder de vista. O homem só se liga a outro como amigo e irmão, quando descendem de uma só evolução. Assim são, também, os casais de amantes e nossos filhos.” 
Tia Neiva

Neste plano físico, especificamente aqui na Terra, é muito difícil o encontro de almas gêmeas! O reencontro somente se processa quando efetivamente já estão no mesmo patamar evolutivo e podem seguir unidos pela Luz. A Terra ainda é um ambiente de evolução pelo reajuste, pelo reequilíbrio das energias anteriormente mal direcionadas.
Uma ligação espiritual somente se preserva pela possibilidade de manterem o mesmo padrão evolutivo, de estarem na mesma faixa vibracional.

Existem muitos daqueles que hoje são grandes amigos, ficarem anos, talvez centenas de anos, sem reencontrar! Não existem máscaras nos Planos da Luz! Não se pode “carregar” o grande amor, ou a grande amizade! Vários Cavaleiros, e Guias Missionárias, têm sua alma gêmea ainda encarnada ou sofrendo em regiões inferiores, e somente no tempo correto é que poderão agir acima das preces que hoje direcionam.
Não podemos ver o padrão evolutivo de nossos companheiros e companheiras, assim, não há qualquer garantia de continuidade após o desencarne, da mesma ligação que hoje os une!

“Ninguém é de ninguém...” 
(Tia Neiva).
Não vamos nos iludir! Somente a verdadeira sintonia em prol de evoluir nesta jornada, é que pode nos unir em um futuro espiritual.
Um casal na Doutrina não tem garantias de continuidade e, muitas vezes, um casal, onde um pertence à Doutrina e outro não, evolui juntos, pela jornada física que escolheram, e se mantém unidos no Plano Espiritual.
Outro fator: Paixão, desejo, ciúme, possessão e sexo, não são sentimentos a serem considerados para determinar “sua alma gêmea”!!!  Acredite, a maioria das almas gêmeas, quando se encontram neste plano físico, sequer formam casais! É mais freqüente que se tornem “melhores amigos” do que amantes! Já ultrapassaram a necessidade física da ligação sexual ou paixão obsessiva.
Mesmo na bela história de Tiãozinho e Justininha, observamos que eles viveram apenas cinco meses casados e logo a seguir desencarnaram, passando ainda por período de grande dificuldade de aceitação. Tiãozinho reencarnou para auxiliar o resgate de Justininha, que ainda estava presa a reajustes cármicos de suas últimas passagens no plano físico da Terra.
Encontrar nossa alma gêmea? É possível, mas é muito raro! São exceções que por vezes se passam em situações onde um vem ajudar o outro e não necessariamente como casais (vejam a história do doutrinador, contada nas aulas de Pré-Centúria*).
Procuremos não nos perder de nossos amigos, de nossos amores, mas não pelo sentimento de “posse”, e sim pela necessidade de evoluirmos juntos!
Kazagrande



A História de um Doutrinador (*)

Há uma história, que Tia Neiva contava e que foi repetida inúmeras vezes em “versões” diferentes, mas as quais nunca mudaram sua essência. Nas aulas de Pré-Centúria, no Curso de Sétimo Raio, ela é recontada, pois nos dá uma verdadeira lição, despertando para a importância do compromisso espiritual, que podemos agora estar vivenciando.
Das diversas versões que ouvi, do Nestor, do Bálsamo, do Silvério, do Salviano, entre outros, a que mais me marcou foi justamente a primeira. Creio que com todos se passa assim! Ouvi do Trino Maralto, Mestre Gilfran, quando assisti pela primeira vez o curso de Pré-Centúria. Abaixo podem acompanhar esta história:
Há muitos anos, em um jantar na casa da Vó Sinharinha, a mãe da Tia Neiva, escutei, pela primeira vez, a história de um espírito, que foi trazido à presença de Nossa Mãe, pelos Mentores, para contar sua história, que deveria ser recontada aos filhos de Pai Seta Branca. Eu era um adolescente e fiquei impressionado com aquele relato. Foi muito interessante, pois à medida que a Tia ia contando, as imagens se formavam em minha mente e nunca mais as esqueci.
Escutei, outras vezes, a Tia Neiva contar esta história e ela sempre falava que era A HISTÓRIA DO DOUTRINADOR.
Em algum lugar do Brasil, final do século 19, havia um rico fazendeiro que possuía uma grande quantidade de terras e nela havia instalado “meeiros”. Os meeiros eram famílias que recebiam um pedaço de terra para cultivar e, na época da colheita, davam a metade do que produziam, para o dono das terras. Tinha um único filho, um rapaz muito bonito, forte e inteligente, que gostava muito de andar a cavalo, pelas terras do pai.
Uma destas famílias era formada por um casal de velhos e uma moça, com 15 ou 16 anos, muito bonita e meiga, que ajudava seus pais no dia-a-dia, naquela vida difícil. Um dia, ao passar pelas terras desta família, o rapaz viu a mocinha e ficou encantado com sua beleza. Ele achava que tudo que estivesse naquelas terras pertencia ao seu pai (e consequentemente a ele), e sentiu-se no direito de levar a moça consigo. Colocou-a no cavalo e seguiu, tranquilamente, para a sede da fazenda. O pai da moça, que estava na roça, ao ouvir os gritos da esposa e da filha, saiu correndo e conseguiu alcançar o rapaz. Começaram a discutir e o velho tentou arrancar sua filha de cima do cavalo.
O rapaz desceu e começaram a lutar. Como era mais forte, ele acabou matando o velho. Colocou a moça novamente no cavalo e continuou, como se nada houvesse acontecido.
Foi um desencarne muito violento! O espírito do velho saiu do corpo com muito ódio, que nem completou o processo normal de desligamento do corpo físico.
No processo de desencarne o espírito sai pela boca e se posiciona acima do corpo, a cabeça acima dos pés e os pés acima da cabeça. Num período de + 24 horas acontece uma transferência de energias, do corpo físico para o espírito, com exceção de uma energia, a Centelha Divina, que fica no corpo físico e se torna o “Charme”, uma energia que é o registro daquela encarnação. Normalmente o processo de desencarne começa 24 horas antes. Após este período de transferência de energias, os Médicos do Espaço fazem o desligamento do espírito, uma cirurgia espiritual, e o levam para Pedra Branca, onde ficará por 7 dias. Então, chega o momento mais preciso! O espírito “acorda” e o seu Mentor o traz para o Plano Etérico da Terra, onde de acordo com a sua consciência e seu livre arbítrio, ele tomará a decisão: partir junto com seu Mentor ou ficar preso à Terra, por algum apego material ou sentimental. Este processo de desencarne não é uma “regra” geral, pois cada caso é um caso!


No caso daquele senhor, o pai da menina, ele desencarnou com tanto ódio, que se tornou um Obsessor. A mãe da moça, já velha, não aguentou e morreu de tristeza.

Após ficar algum tempo com a moça, o rapaz abandonou-a e ela também, logo, logo, desencarnou. O tempo foi passando... O fazendeiro morreu e o rapaz, agora um homem casado, assumiu o lugar do pai. Ele tornou-se um homem bom, justo e amoroso com sua família, com seus escravos e empregados. Todos gostavam dele. Morreu bem velho, deitado em sua cama, com todos rezando e chorando ao seu redor.
Em toda sua vida só cometera um erro, um grande erro!
Quando despertou, nos Planos Espirituais, e tomou consciência da sua última encarnação e, principalmente, do “estrago” que tinha feito àquela família de agricultores, entrou em desespero. Ele pedia muito a Deus por uma oportunidade de reencarnar, para reparar o grande mal que causara àqueles seus irmãos. Queria voltar à Terra e ter uma vida de muito sofrimento.
Seria cego, leproso e pediria esmolas por toda sua vida. Só assim ele achava que pagaria pelo seu erro. Como tinha “bônus” suficiente para reencarnar, depois de algum tempo, foi chamado à presença dos Mestres, responsáveis pelo reencarne dos espíritos na Terra. Eles disseram que para ele reparar o mal que causara não precisaria ser cego, leproso e mendigo. Voltaria à Terra com uma Missão e dentro desta jornada teria a grande oportunidade do reajuste cármico. Iria reencarnar, novamente no Brasil, em Minas Gerais, numa cidade chamada Alfenas. Sua missão: ser um Doutrinador!
Quando um espírito recebe, de Deus, uma oportunidade de reencarnar é feito um planejamento cármico, que envolve todos que, de uma forma direta ou indireta, podem se beneficiar daquela encarnação. Ele escolhe os seus pais e faz, junto com seu Mentor, um compromisso espiritual de realizar o principal objetivo de sua volta à Terra: a sua evolução espiritual e a daqueles pelos quais se responsabilizou. Pode ser uma vida onde o foco será apenas na sua própria evolução ou pode assumir uma Missão, onde também deverá ajudar outros seres a evoluir. Tudo ocorre sob a Benção de Deus e respeito ao Livre Arbítrio de cada Ser.
Após tudo estabelecido, começa a preparação para uma nova existência terrena. O espírito é levado para o Sono Cultural, onde passará por um processo de “esquecimento” de suas vidas transcendentais, a sua nova personalidade será “moldada”, de acordo com a sua trajetória, e por fim, assumirá a forma de um feto.
Se houver o compromisso com algum “elítrio”, estes espíritos serão encaminhados para uma “estufa”, onde serão preparados para esta reencarnação. Mais ou menos no 3° Mês de gestação, os Médicos do Espaço fazem a ligação do espírito ao corpo físico em formação, através da Centelha Divina, que vem de Deus Pai Todo-Poderoso, que solda o espírito ao corpo físico e no desencarne se torna o “Charme”.
Nossa Mãe Clarividente dizia que se tivéssemos a consciência do que significa a oportunidade de reencarnar, daríamos mais importância à Vida. Seríamos felizes apenas por estarmos aqui na Terra.
A história continua, agora em Alfenas, início do século 20, onde um casal de pobres agricultores luta com muita dificuldade, para ter o pão de cada dia. Eles têm um único filho, um rapaz franzino, que além de ajudar na pequena roça, se esforçava muito para estudar. Este rapaz era a reencarnação do filho do rico fazendeiro...
Certo dia, indo para Alfenas vender alguns produtos, a carroça que levava esta pequena família, caiu em uma ribanceira e apenas o garoto sobreviveu. Sozinho, machucado, caminhou até chegar em uma casa, na periferia da cidade, onde foi recolhido por um senhor, que tinha um Centro Espírita. Ao tomar conhecimento da tragédia, o bondoso homem assumiu a criação daquele órfão.
Ele continuou seus estudos e também ajudava o “seu pai” nas atividades mediúnicas do Centro. Aprendeu muito rápido e logo seu pai percebeu que ele era portador de uma energia muito especial, uma força desobsessiva, e os casos mais difíceis ele já resolvia sozinho. Havia uma mocinha que frequentava o Centro e era apaixonada pelo rapaz, mas ele não dava muita bola para ela. A vida deste jovem transcorria de uma forma muito tranquila. Ele se formou e como queria ser professor foi fazer um curso de especialização, no Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro ele conheceu uma moça, da alta sociedade, e se apaixonaram.
Ao terminar o curso eles se casaram e voltaram para Alfenas. Quando chegaram ao Centro, a moça ficou muito chocada, pois o rapaz nunca lhe contara sobre o seu pai e nem sobre o trabalho mediúnico que eles faziam, sabedor do pavor que ela tinha de Espiritismo. Então ela, muito magoada, falou que ele tinha que escolher: ou ela ou o Centro!
O rapaz ficou desesperado, pois gostava muito da sua esposa. E decidiu! Foi falar com seu pai que não iria mais ficar no Centro, que já tinha dedicado toda sua vida aos trabalhos mediúnicos e que agora iria cuidar da sua vida, da sua família e da sua profissão.
O velho, que tinha sua vidência, já o havia alertado sobre uma grande dívida espiritual, um cobrador que ele tinha e que um dia, com o seu trabalho, libertaria este obsessor e saldaria sua dívida transcendental. Mais uma vez, tentou conscientizá-lo do seu compromisso, mas foi em vão. O rapaz estava decidido!
Com algumas economias e com uma parte do dote da esposa ele comprou um terreno, no alto de um morro, e construíram um bonito bangalô. Este morro era cortado por uma linha de trem e o lugar era muito bonito. A casa era simples, mas bem arrumada. Tinha uma bela varanda e na sala havia uma lareira, onde o professor gostava de ficar lendo. Lecionava na escola de Alfenas e todos gostavam muito dele.
Mas, o momento do reajuste se aproximava...
Nos arredores de Alfenas, havia uma moça muito simples, com seus 16 anos e que, de repente, enlouqueceu! Sua mãe, uma senhora viúva, já não sabia mais o que fazer. Tinha levado-a a médicos, benzedeiras, à Igreja, e nada, ninguém conseguia resolver o problema da jovem. A loucura continuava e piorava a cada dia. Já estavam amarrando a moça, para que não se machucasse e não machucasse ninguém. Então, alguém falou para levar a menina num Centro Espírita, que ficava na periferia da cidade, onde tinha um moço que curava “essas coisas”. E a mãe, no desespero, levou a menina até lá. Quando chegaram ao Centro e o velho viu o “quadro espiritual”, falou que nada podia fazer. Que quem poderia resolver aquela situação era o seu filho, mas ele não trabalhava mais ali. A mãe implorou para que o velho atendesse sua filha, mas ele realmente não podia fazer nada.
Aquela menina era a mocinha, que tinha sido raptada pelo filho do fazendeiro, a viúva era a velhinha, mais uma vez como mãe da menina, e o velho pai era o obsessor, o espírito que fora trazido para aquele reajuste, para saldar a dívida, o compromisso espiritual do rapaz.
Então, por consciência e compaixão, o velho espírita deu o endereço do filho, para aquela mãe desesperada. Ela pegou a filha e começou a subir o morro. À medida que se aproximavam da casa, a menina ficava mais agitada e mais violenta. Estava anoitecendo e o professor lia, junto à lareira, quando num barulho ensurdecedor, a porta foi derrubada pela menina, que havia se soltado das amarras e entrou urrando de ódio.
Os espíritos reconhecem seus “inimigos” por um “cheiro”, uma energia específica, uma emanação que é individual a cada ser, como as impressões digitais, um “DNA Espiritual”.

Foi um impacto de frio e de medo. Mas, bastaram alguns instantes, para que o professor tomasse consciência do que estava acontecendo. Lembrou-se do que seu velho pai lhe falava e sentiu que havia chegado a hora de resgatar as suas vítimas do passado. Como se pudesse ler seus pensamentos, a menina deu meia volta e saiu correndo da casa, em direção ao precipício.
Ele saiu correndo atrás, tentando falar com ela. A mãe, também, correu para lá. A menina parou na borda do precipício.
Lá embaixo, um lanterneiro, da estação de trem, observava tudo. O professor foi se aproximando, devagar, tentando “doutrinar” aquele espírito. Quando estava quase tocando o braço da moça, o obsessor a jogou no vazio, na escuridão. Neste momento, o professor chegou a “escutar a risada” do velho cobrador.
A mãe, ao ver sua filha cair para a morte, começou a gritar:
- Assassino! Assassino! Você matou minha filha!
Então, o funcionário da estrada de ferro correu até a cidade e chamou a polícia. De onde estava, parecia que o professor tinha empurrado a menina. Quando a polícia chegou e encontrou a mãe, que não parava de acusar o professor, teve que prendê-lo.
Foi julgado e, pelas declarações da mãe e do lanterneiro, foi condenado. Saiu do Tribunal direto para a prisão. Estava feita a “justiça”, o reajuste cármico, o resgate de uma família que havia sido destruída em outra vida, por um gesto impensado, por um impulso, um desatino. Lei de Causa e Efeito!
Sua jovem esposa o abandonou e voltou para o Rio de Janeiro, para casa de seus pais.
Ele definhava, dia após dia, e apenas seu velho pai e aquela jovem do Centro, que muito o amava, o visitavam na prisão. O tempo foi passando e a jovem moça precisava também seguir o seu caminho. As visitas foram se tornando raras e suas esperanças também. Ele pensava muito na sua incompreensão e pedia a Deus a oportunidade de sair dali, para continuar com a sua missão, no Centro, junto com seu velho pai.
Sua saúde estava abalada: o impacto da rajada de vento frio, do “reencontro”, à beira da lareira (aliada a pesada energia espiritual do cobrador), afetou a sua visão e estava ficando quase cego. As condições de higiene daquela masmorra e a falta de sol estavam causando feridas, por todo seu corpo. Como não tinha um corpo físico forte, parecia que não teria muito tempo de vida.
Alguns anos depois, a mãe da moça, no leito de morte, pediu para chamar o padre e confessou que o rapaz era inocente e que ela o tinha acusado por não ter suportado a morte da filha, que tanto amava.
Pediu que o padre jurasse que o tiraria da prisão, pois só assim ela morreria em paz.
Então, como se Deus tivesse escutado sua preces, o professor foi inocentado e saiu da prisão. Foi direto para o Centro e ao chegar lá, falou para seu velho pai que estava de volta para trabalhar e ajudar as pessoas.
O velhinho, que estava terminando seu tempo na Terra, olhou para o filho querido e falou:
- Meu filho, agora é tarde! Quem vai querer se tratar com você? Mesmo que tenha sido inocentado, sempre haverá uma certa desconfiança sobre você. E seu corpo, quem vai querer se tratar com alguém cheio de feridas? Como pode um cego guiar outro cego? Não, meu filho, agora é tarde!
Apesar da dor que sentia, o professor sabia que seu pai tinha razão.
Pouco tempo depois, o velho partiu!
Como não tinha mais condições de continuar no Centro, o professor terminou seus dias de vida, andando pelas ruas de Alfenas, CEGO, CHEIO DE FERIDAS e MENDIGANDO.
Quando desencarnou e tomou consciência desta encarnação, este espírito foi tomado por uma grande frustração. Tinha, mais uma vez, desperdiçado uma oportunidade de evolução. Recebeu toda preparação e proteção para cumprir sua missão e se reajustar com seu cobrador.
Até uma benção especial ele recebeu. Lembram daquela mocinha do Centro, que ele não dava muita bola? Era a sua Alma-Gêmea que estava na Terra, para ajudá-lo.
Salve Deus!
Naquela época, em que Tia Neiva contava esta história, este espírito já estava no espaço há mais ou menos uns 50 anos.
Ela pedia para que quando fossemos participar de algum Trabalho e lembrássemos dele, fizéssemos uma vibração de amor, para que ele conseguisse se libertar de sua própria prisão.
Não sei qual é a situação deste espírito nos dias atuais. Que ele tenha se libertado e esteja nos ajudando no final deste Ciclo Iniciático, que já se iniciou.
Que esta história ajude aos meus irmãos Jaguares, e a todos os meus irmãos em Cristo Jesus, que ainda não compreenderam a grandeza e o significado de sua existência, aqui na Terra.
Salve Deus!
Trino Maralto



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